Síria impõe novo código de vestimenta em praias públicas e exige uso de burquíni para mulheres

A Síria instituiu nesta terça-feira (10) um novo código de vestimenta para praias e piscinas públicas, exigindo que mulheres usem burquínis ou trajes de banho que cubram todo o corpo. A medida foi anunciada pelo Ministério do Turismo do governo de transição, agora liderado pela coalizão islâmica Hayat Tahrir al-Sham (HTS), após a queda do regime do ex-ditador Bashar al-Assad, em dezembro ado.

“Visitantes de praias e piscinas públicas, sejam turistas ou moradores locais, são obrigados a usar trajes de banho adequados que levem em conta o gosto do público e as sensibilidades de vários segmentos da sociedade”, declarou o ministro do Turismo, Mazen al-Salhani, em publicação oficial.

De acordo com as novas normas, além do uso obrigatório de burquínis ou trajes recatados para mulheres, será necessário vestir uma saída de praia ou robe largo ao circular fora da área de banho. Para os homens, o uso de camisas se torna obrigatório fora das piscinas e do mar, e trajes de topless são proibidos em áreas comuns.

A diretriz ainda determina que em áreas públicas fora das praias e piscinas, devem ser usadas roupas largas que cubram ombros e joelhos, proibindo peças transparentes ou justas.

No entanto, o documento também especifica que resorts e hotéis classificados como “internacionais e (4 estrelas ou mais)” e locais privados estão liberados para permitir trajes de banho ocidentais típicos.

O ministério afirmou que salva-vidas e supervisores de praia farão a fiscalização do cumprimento das normas, mas não deixou claro quais penalidades serão aplicadas a quem desrespeitar as regras.

A nova regulamentação reflete a crescente influência da HTS, coalizão islâmica anteriormente conhecida como Frente Al-Nusra e classificada como organização terrorista pelos Estados Unidos e Reino Unido. O presidente interino Ahmad al-Sharaa, que liderou a ofensiva militar contra o antigo regime, assinou tanto a nova diretriz quanto a constituição provisória em março, que institui um regime islâmico por cinco anos.

Grupos de direitos humanos, como a Human Rights Watch, têm demonstrado preocupação com a concentração de poder de Al-Sharaa e os possíveis retrocessos nas garantias legais e civis no país.

O ministro al-Salhani, que busca atrair investimentos de países como Catar e Arábia Saudita, defendeu a medida como “um respeito à diversidade cultural, social e religiosa da Síria”.

O anúncio ocorre em meio a uma campanha para reativar a indústria do turismo sírio após o fim das sanções impostas pelos Estados Unidos, suspensas em maio de 2025 pelo presidente Donald Trump. Em declaração na época, Trump considerou a retomada econômica síria uma “chance de grandeza”.

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