Ministro Sergei Lavrov afirma que Santa Sé seria local “deselegante” para países ortodoxos e critica legitimidade de Zelensky


O chanceler russo Sergei Lavrov afirmou nesta sexta-feira (23) que o Vaticano não seria um local apropriado para sediar as negociações de paz entre Rússia e Ucrânia, sugerindo que a própria Santa Sé se sentiria desconfortável em mediar dois países de maioria cristã ortodoxa.
A declaração foi feita durante uma palestra na Academia Diplomática de Moscou, dias após a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, informar que o papa Leão XIV teria confirmado sua disposição de receber os dois lados para um possível acordo.
“Seria um pouco deselegante para países ortodoxos usarem uma plataforma católica para discutir como remover as causas profundas do conflito”, declarou Lavrov.
A assessoria de imprensa do Vaticano preferiu não comentar sobre o assunto.
🕊️ Negociações diretas voltam após mais de três anos
A sinalização de um possível novo diálogo entre Kiev e Moscou ocorre após mais de três anos sem conversas diretas. Uma reunião inicial aconteceu em Istambul, na Turquia, no começo deste mês.
Apesar do avanço diplomático, Lavrov deixou claro que Moscou ainda não aceitou nenhum local para novos encontros. Segundo ele, há muita especulação sobre datas e locais, mas “não temos nenhuma ideia no momento”, declarou.
🗣️ Rússia critica leis ucranianas e defende eleições
Durante o mesmo discurso, o ministro russo criticou duramente o governo ucraniano, classificando-o como uma “junta liderada por Zelensky”. Ele afirmou que seria um “crime” permitir que falantes de russo permaneçam sob o que chamou de domínio discriminatório.
“A maneira mais simples de resolver o conflito seria a comunidade internacional exigir que a Ucrânia cancele suas leis discriminatórias contra falantes de russo”, disse Lavrov.
A Ucrânia nega a existência de qualquer tipo de discriminação oficial.
Lavrov também voltou a defender que sejam realizadas novas eleições presidenciais na Ucrânia, sugerindo que apenas com um novo governo o Kremlin aceitaria formalizar um acordo de paz.
Zelensky teve seu mandato de cinco anos expirado tecnicamente em maio de 2024, mas as eleições foram suspensas em razão da lei marcial, imposta desde o início da guerra. O presidente e seus aliados no Ocidente afirmam que o momento de guerra não permite seguir o ciclo democrático normal e que a Rússia, com seu sistema autoritário, não tem legitimidade para fazer esse tipo de crítica.