Organizações pedem segurança e criticam militarização da ajuda; ONU vota resolução de cessar-fogo nesta quarta-feira (4)


A Fundação Humanitária para Gaza (GHF) suspendeu nesta quarta-feira (4) toda a distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, após episódios de caos, correria e mortes em postos de entrega de alimentos. A medida visa pressionar Israel a aumentar a segurança dos palestinos que buscam comida em meio à grave crise humanitária no território.
A decisão ocorre após dias de tensão, nos quais pessoas foram mortas ou feridas por tiros durante a busca por suprimentos. A ONU já solicitou investigações independentes dos incidentes, e organizações humanitárias acusam Israel de militarizar a ajuda e restringir o o da população civil aos alimentos.
Distribuição interrompida por segurança
Segundo a GHF, que atua com apoio dos Estados Unidos e em associação com Israel, os apelos por melhorias de segurança incluem:
- Orientação clara ao fluxo de pessoas para evitar tumultos;
- Treinamento de tropas para atuação junto à população civil;
- Ações coordenadas que garantam a entrega sem risco aos palestinos.
“A nossa maior prioridade continua sendo garantir a segurança e a dignidade dos civis que recebem ajuda”, afirmou um porta-voz da GHF. Em contrapartida, um porta-voz militar israelense alertou os civis a evitarem as zonas próximas aos pontos de entrega, classificadas como “zonas de combate”.
Críticas à militarização da ajuda
O modelo de distribuição de alimentos, com seguranças armados e apenas três pontos de entrega para mais de dois milhões de pessoas, é fortemente criticado por entidades internacionais. A ONU considera os esforços da GHF como “uma gota no oceano” e denuncia os bloqueios israelenses à entrada de caminhões com ajuda internacional.
“É inaceitável. Civis estão arriscando — e em muitos casos perdendo — suas vidas apenas para conseguir comida”, declarou Stephane Dujarric, porta-voz da ONU, na terça-feira. Ele classificou o atual modelo como “receita para o desastre”.
ONU vota cessar-fogo e o ir à ajuda
O Conselho de Segurança da ONU deve votar ainda nesta quarta-feira uma resolução exigindo cessar-fogo imediato e o ir da ajuda humanitária em Gaza. O texto também pede a libertação dos reféns mantidos pelo Hamas e o fim de todas as restrições à entrega de alimentos no território palestino.
“O tempo para agir já ou”, declarou Samuel Zbogar, embaixador da Eslovênia na ONU. “É nossa responsabilidade histórica não permanecer em silêncio.”
A votação está prevista para as 17h (horário de Brasília). Para ser aprovada, a resolução precisa de nove votos favoráveis e nenhum veto de membros permanentes do conselho: Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido ou França.
Situação crítica em Gaza
Desde o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que matou 1.200 pessoas em Israel e resultou no sequestro de cerca de 250 reféns, o país lançou uma ofensiva militar em Gaza, que já matou mais de 54 mil palestinos, segundo autoridades locais. A maioria das vítimas seriam civis, incluindo milhares ainda sob escombros.
Com o bloqueio total de 11 semanas imposto por Israel entre março e maio de 2025, especialistas alertam que toda a população de Gaza — cerca de 2,1 milhões de pessoas — está em risco de fome extrema.