Centro de Confinamento de Terrorismo abriga mais de 100 deportados, sob acusações de violação dos direitos humanos


O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) divulgou nesta terça-feira (13) uma denúncia preocupante: mais de 100 venezuelanos deportados pelos Estados Unidos estão sendo mantidos em um centro de alta segurança em El Salvador, onde enfrentam possíveis violações de direitos humanos. A informação foi confirmada por Volker Turk, chefe de direitos humanos da ONU.
Segundo o comunicado, os imigrantes estariam detidos no Centro de Confinamento de Terrorismo de El Salvador, uma megaestrutura penitenciária isolada da zona urbana e com capacidade para até 40 mil pessoas. O local foi oferecido pelo presidente salvadorenho Nayib Bukele para abrigar supostos criminosos deportados pelo governo norte-americano.
Deportações em massa sob Lei de Inimigos Estrangeiros
A ação faz parte da campanha de deportação liderada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que utilizou a Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798 para acelerar a remoção de indivíduos considerados ameaças à segurança nacional. Entre os alvos estão membros do Tren de Aragua, organização criminosa venezuelana que os EUA classificam como grupo terrorista.
Até o momento, estima-se que pelo menos 142 mil pessoas tenham sido deportadas dos EUA entre 20 de janeiro e 29 de abril deste ano. Contudo, o destino de cerca de 245 venezuelanos e 30 salvadorenhos deportados para El Salvador ainda é desconhecido.
Violações de direitos e falta de transparência
De acordo com relatos de familiares e advogados, os detidos não foram informados previamente de que seriam transferidos para El Salvador. Além disso, muitos não conseguiram contestar sua detenção, o que configura grave violação aos direitos fundamentais previstos nas leis internacionais e dos próprios Estados Unidos.
Volker Turk enfatizou que os prisioneiros enfrentam condições duras dentro da instalação e expressou sérias preocupações quanto à legalidade das detenções. O ACNUDH solicitou oficialmente o ao local para averiguar a situação, mas ainda não obteve resposta dos governos dos EUA ou de El Salvador.
Comunidade internacional cobra explicações
A ausência de informações oficiais levanta um alerta global sobre a legalidade dos acordos de deportação para terceiros países e o tratamento dos imigrantes sob custódia. Organizações de direitos humanos pressionam por transparência e responsabilização dos envolvidos.
A denúncia reforça o debate sobre as práticas migratórias adotadas pelos Estados Unidos e os limites éticos da cooperação internacional em políticas de segurança pública.