ONU alerta: 14 mil bebês podem morrer em 48 horas em Gaza se ajuda não for liberada

O diretor de ajuda humanitária da ONU, Tom Fletcher, fez um apelo urgente nesta terça-feira (20) à comunidade internacional: 14 mil bebês podem morrer nas próximas 48 horas na Faixa de Gaza se a ajuda humanitária não for intensificada imediatamente. A declaração foi dada em entrevista ao programa Today, da BBC.

Desde 2 de março, Israel impôs um bloqueio total a Gaza, impedindo a entrada de alimentos, combustível e medicamentos. A ONU já havia alertado que o cerco teria um “preço desastroso” para a população palestina. No domingo (18), após 11 semanas de bloqueio, Israel ou a permitir a entrada de uma quantidade limitada de ajuda — uma mudança atribuída à pressão de aliados internacionais.

“Cinco caminhões de ajuda chegaram na segunda-feira (19), mas isso é uma gota no oceano. Precisamos inundar Gaza com ajuda humanitária”, disse Fletcher.

Risco imediato de morte por fome

Segundo Fletcher, os 14 mil bebês sob risco são parte de uma estimativa feita com base em dados de campo, coletados por equipes da ONU que permanecem em Gaza — muitas das quais já foram mortas desde o início do conflito. Ele afirma que os caminhões que cruzaram a fronteira ainda não chegaram às áreas mais afetadas, e que a operação humanitária enfrenta obstáculos em todos os pontos.

“Vamos carregá-los com comida para bebês e nosso pessoal correrá riscos. Quero salvar o máximo possível desses 14 mil bebês nas próximas 48 horas”, afirmou.

O chefe humanitário da ONU também elogiou a declaração conjunta de Reino Unido, França e Canadá, que criticaram as restrições impostas por Israel. “O verdadeiro teste das intenções de Israel ocorre agora”, disse Fletcher, que pediu apoio global para pressionar Tel Aviv a permitir o pleno e seguro para a ajuda humanitária.

Israel cede parcialmente após pressão

Na segunda-feira (19), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reconheceu que a decisão de liberar ajuda — ainda que mínima — ocorreu após pressões diplomáticas.

“Não devemos chegar a uma situação de fome, tanto do ponto de vista prático quanto diplomático”, disse Netanyahu.

Segundo ele, Israel permitirá apenas uma “quantia mínima e básica” de ajuda até que seja criada uma zona segura sob controle das Forças de Defesa de Israel (IDF) para distribuição de suprimentos. Israel também alega que o bloqueio busca pressionar o Hamas, que ainda mantém 58 reféns — dos quais se acredita que 23 estejam vivos.

Israel acusa o Hamas de roubar ajuda humanitária, algo que o grupo nega.

Relatos de fome extrema em Gaza

Enquanto isso, moradores da Cidade de Gaza relatam uma crise humanitária devastadora. Muitos afirmam não conseguir um pedaço de pão para alimentar os filhos.

“As pessoas começaram a desmaiar por fome. Não sabemos o que dar para alimentar nossos filhos. Não há arroz, farinha ou legumes. Ninguém tem dinheiro para comprar um tomate”, disse um residente local à BBC.

Outro homem, identificado como Abu Salem, clamou por suprimentos básicos. “Precisamos de comida para as crianças. Nem petróleo, açúcar ou gasolina temos.”

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