“Talvez minha história com a terra tenha começado no meio do oceano.” É assim que Flávia Alexandra Milanese, de 52 anos, inicia o relato de sua trajetória com a agricultura — uma história entrelaçada com as raízes de Valinhos, onde seus anteados desembarcaram há muitas décadas.


Filha de agricultores e neta de imigrantes, Flávia cresceu na zona rural de Valinhos, participando ativamente do cultivo familiar desde a infância. “Dobrava gavetas onde iriam os figos, numa disputa divertida entre irmãos e primos. A gente ajudava brincando”, relembra, com ternura.
A propriedade de sua família está localizada em uma das regiões que deram a Valinhos o título de Capital do Figo Roxo e da Goiaba. Com o ar dos anos, a produção ou por diversas fases — do figo ao pêssego, depois à goiaba, e agora novamente ao figo roxo, símbolo da cidade.
“A terra era meu brinquedo, onde escrevi minhas primeiras palavras, fiz comidinha de boneca com folhas e vivi minhas maiores aprendizagens”, conta. Foi nesse ambiente fértil, tanto em solo quanto em afeto, que ela desenvolveu valores como paciência, resiliência e equilíbrio — qualidades indispensáveis ao trabalhador rural em Valinhos.
O cultivo, segundo Flávia, é desafiador. “Tem pragas, custos, falta de retorno financeiro… mas nunca deixamos de acreditar que ainda vale a pena plantar, cuidar e colher. Isso nunca muda.”
Ela também faz questão de ressaltar o papel das mulheres na agricultura. “Por muito tempo, prevaleceu a imagem do homem do campo como protagonista. Mas sempre estivemos lá, lado a lado. E agora, que bom ver tantas mulheres liderando o setor.”
Neste Dia do Trabalhador Rural, Flávia faz um apelo: que a data seja cada vez mais valorizada. “É um trabalho difícil como é necessário. Produzimos alimentos, geramos empregos, mantemos tradições e inovamos com tecnologia. Ver o novo e o antigo juntos é o grande sonho que espero ver se realizar.”
Ao final, deixa sua homenagem a quem continua firme no campo:
“Meus sinceros cumprimentos a todos os trabalhadores e trabalhadoras rurais de nossa terra e meu agradecimento por persistirem.”