Já pensou poder rastrear o câncer de mama sem precisar ar pela compressão incômoda da mamografia tradicional? Essa é a proposta de um novo aparelho desenvolvido por pesquisadores da USP e do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), que promete revolucionar o rastreamento da doença mais comum entre mulheres no Brasil — inclusive na região de Campinas.


“Esse método de realização de imagem é baseado num sistema parecido com o radar. A gente transmite um sinal e capta o retorno usando ondas eletromagnéticas”, explica Bruno Sanches, professor da Poli-USP.
🔬 Como funciona?
O protótipo emite pulsos eletromagnéticos que atravessam a pele e identificam diferentes densidades dos tecidos mamários. O sinal retorna, é gravado em um microchip, e um algoritmo decodifica os dados para criar um mapa que mostra possíveis tumores.
Esse método é especialmente promissor para mulheres com mamas densas, nas quais a mamografia pode ter dificuldades em detectar lesões — uma condição mais comum entre mulheres mais jovens.
⚠️ Debate sobre o o ao rastreamento
O desenvolvimento ocorre em meio a um debate nacional. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) propôs alterar a recomendação para mamografias: de anual a partir dos 40 anos, para bienal a partir dos 50. A medida tem gerado preocupações em entidades médicas e pacientes, que temem restrições de o ao exame por parte dos planos de saúde, especialmente entre as mulheres mais jovens.
🌐 Seguro, portátil e de baixo custo
Outro diferencial importante do aparelho é o uso de ondas eletromagnéticas — e não raios-X. “São ondas semelhantes às de celulares, micro-ondas e bluetooth. Ou seja, não há riscos à saúde, mesmo com exames frequentes”, explica Sanches.
Além disso, o custo de produção do protótipo é de apenas US$ 175, uma fração do valor de um mamógrafo convencional, que pode chegar a US$ 240 mil. Isso abre portas para o uso da tecnologia em regiões remotas ou com infraestrutura limitada, como áreas rurais da RMC (Região Metropolitana de Campinas).
🏥 Futuro: automamografia em casa?
A ideia, segundo os pesquisadores, não é substituir a mamografia, mas complementar os métodos já existentes, como o ultrassom e a ressonância magnética. No futuro, o exame poderá ser feito em casa, com os dados enviados por celular para um sistema de inteligência artificial que analisaria mudanças nos padrões do tecido mamário.
“O paciente poderia fazer o exame, visualizar no celular e enviar ao médico, como já acontece com oxímetros ou medidores de pressão”, diz Sanches.
Apesar de ainda não estar em fase de testes clínicos, o potencial do aparelho é promissor, principalmente para o rastreamento precoce e ível do câncer de mama — uma inovação que pode salvar vidas e democratizar o o à saúde no Brasil.