Conheça a jornada corajosa de Giselhe ao lado do filho Davi, deficiente visual

Neste Dia das Mães, conhecemos a história inspiradora de Giselhe Matos Xavier, 37 anos, mãe do pequeno Davi Matos Nunes, de 12 anos. Quando era adolescente, aos 15 anos, Giselhe soube que seria muito difícil engravidar. “Ser mãe era um sonho distante”, lembra. Mas a vida a surpreendeu: após dois anos de casada, chegou Davi, enchendo a casa de luz e esperança.

Diagnóstico que abalou, mas fortaleceu

Logo após o nascimento, Giselhe percebeu algo diferente em Davi. Embora os médicos repetissem que estava tudo bem, a intuição materna falava mais alto. Quando Davi estava perto dos 4 anos, ela decidiu buscar outras opiniões. “Ele tropeçava muito, aproximava demais das coisas”, conta. Sem apoio, inclusive do pai, que dizia que ela estava procurando problema, foi sozinha atrás das respostas.

O diagnóstico foi devastador: Davi só enxergava 30% de um olho e 40% do outro. A médica foi direta: “Seu filho é cego e você veio muito tarde. Era até os 4 anos para desenvolver a visão.” As palavras ficaram marcadas na memória de Giselhe, que chorou muito, se culpando por não ter ido antes.

Luta pelo tratamento

Determinada, ela buscou tratamento pela Unicamp, enfrentando longas madrugadas sozinha. Os exames eram doloridos, para Davi e para ela. No fim, veio a confirmação: Davi tem uma rara má formação na retina chamada combina de retina — sem cura, sem transplante, nem aqui nem em outros países.

Mesmo assim, Giselhe não deixou a dor vencê-la. Tornou-se o maior escudo do filho, protegendo-o das crueldades que ouvia na escola: “Parece cego”, “não sabe brincar”, “só cai”. Ela sempre esteve ao lado dele, mostrando que ele é como qualquer outra criança.

Educação e barreiras

Davi fez parte da ONG Provisão, em Campinas, onde recebia atendimentos especializados para deficientes visuais. Lá, aprendia desde atravessar a rua até lidar com a deficiência. Infelizmente, por questões de transporte escolar (a prefeitura fornece transporte apenas para escolas municipais, e Davi agora estuda em escola estadual), ele perdeu esse e.

Na escola, Davi precisa de atenção especial: materiais ampliados, sentar perto da lousa, apoio constante. Apesar das dificuldades, ele segue firme, com a mãe sempre ao lado.

Transformação de uma mãe

Hoje separada do pai de Davi, Giselhe reflete: “Davi me fez uma mãe melhor. Ele me fez ser um ser humano melhor.” Para conciliar os desafios da maternidade atípica com a vida profissional, ela investiu em cursos e mudou de área. Hoje, trabalha com sobrancelhas, cílios e dá cursos de design de sobrancelhas, profissão que a faz muito feliz.

“Ser mãe atípica é ser mulher maravilhosa, é se doar, é ser escudo, é ser o seu melhor”, resume emocionada. E deixa um recado para quem reclama da vida: “Vá onde há crianças com deficiência, seja visual ou outra síndrome, e você vai entender o verdadeiro significado da vida.”

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